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Poemas

Eu e o não eu

Veja na categoria Racismo

Eu nessa minha parcimônia, vestida com escancarada elegância, jamais hei de ocultar tão evidentes, a tribo, o atabaque, o axé, o orixá, o ori, o ancestral.   Eu e a minha carapinha cheia de bochicho, minha erva de guiné, minha aroeira, meu samba no pé e outras literaturas.   Eu nessa parcimônia vestida com toda a vida e...

Destinatário

Veja na categoria Política

 Esse moleque forjado em pé no bucólico Passeio Público, aos pés de uma escultura de mestre Valentim, veio dum gozo apressado, curra de amor por dois iguais, entre beijos de jujuba e amendoim.   Nem ao menos estava igualado, entre o aborto e o descaso no bucho da mãe foi espancado, com chá de arruda afogado;...

As águas e o tempo

Veja na categoria Encontros

  para Rachel As águas Agora que a vida é um tempo quase livre e qualquer tempo vale a vera como se fosse eterna, é bom lembrar das histórias das águas e dos momentos do tempo, repentes que passam e ficam passando.   A primeira agua, de toda a vida, se fez, se faz, se foi, a agua do rio, a agua...

Vocação

Veja na categoria Sociedade

 Vivo distante de esperanças e ilusões. Nos meus poemas só escrevo as palavras que as pessoas podem. Não faço provocações     Lugar de viver A cidade onde vivo e outras cidades, são essas tensões lúdicas e libidinosas que consigo atinar quando não atiram em mim.     O realista fantástico Um homem feito de vazios, duros buracos... quase senti pena, mas percebi a tempo que era preguiçoso...

DA FÁBRICA E DA ALMA

Veja na categoria Trabalho

Não posso rezar todos os dias, a igreja abre às sete e a fábrica às seis. Então, Senhor, perdoai-me, mas primeiro o patrão, dele vem o pão.   Vejo outros companheiros, amigos. De dentro de seus olhos vêm gritos, e carregam no interior de suas almas sofrimento. Há muito não sabem o...

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DA SÉRIE CORES&AMORES

Pode ser estranho
Algo sobrenatural
Totalmente ridículo
Ridículo
Pode ser que eu esteja
Em uma camisa de força
Num prédio federal
Logo num hospício
Mas pensando em você
Logo insisto
Não, não sou Obama, Napoleão ou Cristo
Resisto
Digo aos quatro cantos
Por todos os alto-falantes
Grito alto na estação Central
Espalhem por todos os ramais
TE AMO!
Sussurro aos passageiros
Se alguém te encontrar
Em qualquer lugar
Pode te dizer
TE AMO!
Mas, se eu for preso
Se eu for preso
Digo aos carcereiros e todos os comandos
TE AMO!
Mas vou me libertar
Quando conseguir voar
Escreverei em minhas asas
TE AMO !
E se voar ainda mais alto
Chegarei ao inferno ou paraíso
Te procurando
Confessarei aos querubins ou aos seres mais estranhos
TE AMO!
Por todas minhas certezas
Por todos os meus enganos
TE AMO!

CABOCLA JUREMA


Conheci Jurema
No centro da selva da cidade
É verdade, não havia
Lanças, flechas, cocares
Espelhos, miçangas, bugigangas
Só olhares
Jurema que pelo traço é
Avoé canoeira, quimbunda, mina tupyorubana
Se lá /MISTERIOSA
Princesa daometana
Exilada lá pros lados do Irajá
Jurema me convidou pra jantar
Logo eu  um geigy da tribo puri/tupinambá
Tai, gostei do seu alguidar
E entre cauins e brahmas bramanes
Paca-tatus e bobs batatas fritas
Provei antropofagicamente sua língua
Em minha língua
E ai das matas que restaram
Das calcadas da Lapa
Fomos índios perdidos nos arcos
Flecha e arco incendiários
Essa cabocla promete descendências
Curumins, pirralhos, erês
Lambuzaborrados
Guerreiros, canoeiros, quilombolas
Guardiões da memória
Ogans  yaôs, passistas
Pastores do novo mundo
Passistas da Quilombos
Poetas do negrícia
Ou sabe-se lá?
Mas o que tiver que ser será
Transyorubanotupinambas.

VIRTUAL


Tanto faz
Um solo de jazz
Uma canção de ninar
Canto feito passarinho
Pra você se deitar
Numa cama de estrelas
Balançando numa rede de tv
Eu quero é ter você
Que seja em  meu site
Ou desfrutar do seu orkut
Por isso te mandei tantos e-mails
Dos meus bits se acabarem
Amor vamos falar virtualmente
Se me permite, não ligue
Sou gordo, careca e não tenho dentes
A foto que te mandei
É a do Will Smith
Nestes tempos de internet
Minha deusa  de não sei onde
Não me delete agora
Deixa, amor, ao menos
Eu ficar na tua memória
TANTO FAZ......

ANTI- DIASPÓRA
Pro Deley de Acari

Nunca sai da África
Nem de Acari
Sou dakar e daqui
Transito
Aonde não sonham cidades
Nem sombram palmares
Aonde  mãe  Isabel, derradeira redentora
Ainda bate tambores Tumba Jussara
(Agô, agonanhâ )
Cercada de jerusaléns
E seus famintos deuses
Com seus ébanos pastores
Prometendo édem e ouro
As suas manadas fieis
Escravos e feitores
Sou daki
Da mesma margem do Kuanza ao Acari
A mesma foto, os mesmos mortos
Sowetos de qualquer beco (guetos)
Quebradas e vielas
Sou daki
Das meninas viúvas
Destes meninos ars 15, pés nikeados
Sombras sonhando luzes dos shoppings
Na mesma eterna noite dos negreiros
Sou daki /sou de acari


CIDADES


Super/Hyper marcados
Gente/gens /Zens
Pingentes
Favela / valas/velas
Vietnãs
Sem fronteiras/eiras nem beiras
Meninos de Angola/beira-mar/juramento
Cidades de fel /Ferro de véus
Tá tudo dominado /Minado
Pelos cães e cordeiros
Ordeiros
Cidade do sexo
Claro e escuro
Por fora dos quartos
Por cima dos muros
Cidade das vitrines
De todos os desejos
Onde olhar navega e afaga
O que sempre falta
Assalta
Cidades partidas/coladas
Caladas
Cidades......