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Poemas

Eu e o não eu

Veja na categoria Racismo

Eu nessa minha parcimônia, vestida com escancarada elegância, jamais hei de ocultar tão evidentes, a tribo, o atabaque, o axé, o orixá, o ori, o ancestral.   Eu e a minha carapinha cheia de bochicho, minha erva de guiné, minha aroeira, meu samba no pé e outras literaturas.   Eu nessa parcimônia vestida com toda a vida e...

Destinatário

Veja na categoria Política

 Esse moleque forjado em pé no bucólico Passeio Público, aos pés de uma escultura de mestre Valentim, veio dum gozo apressado, curra de amor por dois iguais, entre beijos de jujuba e amendoim.   Nem ao menos estava igualado, entre o aborto e o descaso no bucho da mãe foi espancado, com chá de arruda afogado;...

As águas e o tempo

Veja na categoria Encontros

  para Rachel As águas Agora que a vida é um tempo quase livre e qualquer tempo vale a vera como se fosse eterna, é bom lembrar das histórias das águas e dos momentos do tempo, repentes que passam e ficam passando.   A primeira agua, de toda a vida, se fez, se faz, se foi, a agua do rio, a agua...

Vocação

Veja na categoria Sociedade

 Vivo distante de esperanças e ilusões. Nos meus poemas só escrevo as palavras que as pessoas podem. Não faço provocações     Lugar de viver A cidade onde vivo e outras cidades, são essas tensões lúdicas e libidinosas que consigo atinar quando não atiram em mim.     O realista fantástico Um homem feito de vazios, duros buracos... quase senti pena, mas percebi a tempo que era preguiçoso...

DA FÁBRICA E DA ALMA

Veja na categoria Trabalho

Não posso rezar todos os dias, a igreja abre às sete e a fábrica às seis. Então, Senhor, perdoai-me, mas primeiro o patrão, dele vem o pão.   Vejo outros companheiros, amigos. De dentro de seus olhos vêm gritos, e carregam no interior de suas almas sofrimento. Há muito não sabem o...

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As águas e o tempo

 

para Rachel

As águas

Agora que a vida é um tempo

quase livre

e qualquer tempo vale a vera

como se fosse eterna,

é bom lembrar

das histórias das águas

e dos momentos do tempo,

repentes que passam

e ficam passando.

 

A primeira agua, de toda a vida,

se fez, se faz, se foi,

a agua do rio, a agua do mar, a agua da chuva,

guardadas em mágicas que alimentam.

A primeira água, a que foi a tua,

não teve que se separar, ser uma só gota

do rio, do oceano, da nuvem.

... nem gota sozinha num mar de lágrimas.

Guardada assim por tantas águas,

moldou-se, foi moldada

pela maior herança dos seres

e se juntou a outros seres

nascidos de agua e placenta.

Menina, vida, extensão de si

em todos os seus.

 

O tempo

O tempo primeiro é ser...

e ser luz,,, e ser matéria

...e ser espírito.

O mundo todo nos olhos,

ainda tão pequeno mundo,

o sorriso miúdo e simples,

o cheiro despertando instintos,

o choro pedindo dádivas

nascidas do gosto do colostro.

O medo inicial, só medo

sem ser temor.

O amor inicial, só amor

sem ser medo.

O tombo, o grito, o não

no meio do destino,

pois tudo ainda é a metade

A vontade, agora sozinha,

aprende a fazer caminhos,

que desaguam em desejos.

 

O tempo e as águas

O tempo agora tem razão

e com seu tear de momentos

desenha os segundos, os minutos,

as horas, os dias... os quinze anos.

E as aguas... assim perenes,

se renovam e anunciam

a planta, a flor, o fruto,

a colheita e a semente.

O tempo, assim, indiferente,

se faz volátil e exato,

como as águas nas margens do rio

como as ondas nas encostas,

como o jardim e a chuva.