No último dia 10 de junho de 2011,o poeta e escritor Elé Semog falou ao Cultne na livraria KITABU - a única livraria de literatura negra do Rio de janeiro, onde foi lançado o livro "FELA -- Esta Vida Puta".
ÉLE SEMOG (Luiz Carlos Amaral Gomes), nasceu na cidade de Nova Iguaçu,no Estado do Rio de Janeiro em 1952. Formou-se em Análise de Sistemas e especializou-se em Administração de Empresas. Nos anos de 1970 participou do Grupo Garra Suburbana, onde publicou seus primeiros poemas mimeografados. Como militante do movimento social negro participou de diversas organizações de combate ao racismo e de promoção da democracia. Exerceu, entre 1989 e 1996, a presidência do CEAP - Centro de Articulação de Populações Marginalizadas. Fundou, em 1984, o Grupo Negrícia - Poesia e Arte de Crioulo. Foi co-fundador do Jornal Maioria Falante, onde atuou até fins de 1991. Foi assessor do Senador Abdias Nascimento e exerce a função de Conselheiro do Instituto Palmares de Direitos Humanos. Semog escreveu poemas e contos. Dentre seus livros, se destacam Atabaques, A Cor da Demanda e O Grito e as Muralhas e a biografia de Abdias Nascimento. Seus poemas foram musicados pelos compositores Irinéia Maria, Teo de Oliveira, Mauro Marcondes e Laércio Lino. No campo da literatura fundou os grupos "Negrícia Poesia e Arte de Crioulo" e "Bate Boca de Poesia".
No último dia 10 de junho de 2011,o poeta e escritor Elé Semog falou ao Cultne na livraria KITABU - a única livraria de literatura negra do Rio de Janeiro, onde foi lançado o livro "FELA -- Esta Vida Puta". O livro é a primeira tradução para o português da biografia oficial do nigeriano Fela Kuti, escrito pelo Professor Carlo Moore.
Éle Semog
ÉLE SEMOG (Luiz Carlos Amaral Gomes), nasceu na cidade de Nova Iguaçu,no Estado do Rio de Janeiro em 1952. Formou-se em Análise de Sistemas e especializou-se em Administração de Empresas. Nos anos de 1970 participou do Grupo Garra Suburbana, onde publicou seus primeiros poemas mimeografados. Como militante do movimento social negro participou de diversas organizações de combate ao racismo e de promoção da democracia. Exerceu, entre 1989 e 1996, a presidência do CEAP - Centro de Articulação de Populações Marginalizadas. Fundou, em 1984, o Grupo Negrícia - Poesia e Arte de Crioulo. Foi co-fundador do Jornal Maioria Falante, onde atuou até fins de 1991. Foi assessor do Senador Abdias Nascimento e exerce a função de Conselheiro do Instituto Palmares de Direitos Humanos. Semog escreveu poemas e contos. Dentre seus livros, se destacam Atabaques, A Cor da Demanda e O Grito e as Muralhas e a biografia de Abdias Nascimento. Seus poemas foram musicados pelos compositores Irinéia Maria, Teo de Oliveira, Mauro Marcondes e Laércio Lino. No campo da literatura fundou os grupos "Negrícia Poesia e Arte de Crioulo" e "Bate Boca de Poesia".
CULTNE - III Encontro Poetas e Ficcionistas Negros - Pt 2
Em setembro de 1987, Cor da Pele acompanhou o III Encontro de Poetas e Ficcionistas Negros, realizado no Sesc de Petrópolis, na região serrana de Petrópolis. La estiveram vários artistas entre eles Cuti, Ele Semog, Hermogenes, Arnaldo Xavier, Miriam Alves, Esmeralda Ribeiro, Oubi Inaê Kibuko, Delei de Acari, Aristides Barbosa, Justo de Carvalho, Januário Garcia, entre outras feras. O poeta J. Abílio, gentilmente comandou as entrevistas da cobertura da CP Produções/Cor da Pele.
Literatura Negra e Literatura Periférica: Idéias como Forças Sociais
Tratarei essas duas confecções estéticas como idéias, por não haver a possibilidade de consenso
entre críticos literários, historiadores e sociólogos que se debruçaram sobre o tema. Não são conceitos
fechados, tampouco meras ferramentas analíticas. Enquanto sistemas de idéias, elas dialogam com outros
problemas estéticos e sociais; formulam atitudes, mobilizando uma série de sujeitos historicamente; e, internamente, entre seus escritores, se disputam no campo simbólico em busca de uma definição e/ou legitimidade em torno de algumas figuras, obras e ações. Articulam-se com os outras esferas da produção cultural e intelectual, influenciando-se mutuamente.
A relação com aqueles fatos rapidamente organizados no item anterior com o que se está chamado de Literatura Negra encontra-se na tematização dos mesmos por escritores, alguns orbitando em tornos daqueles jornais e associações negros que 1)se auto-referenciaram negros ou descendentes diretos de escravos; 2)poetas, romancistas, contistas e dramaturgos buscando discutir as questões envolvendo o
papel a ser desempenhado pelo negro na ordem burguesa e o legado da escravidão sobre seu grupo; 3) essas formulações estéticas, quando identificadas com os dois itens anteriores, não raro, em alguns autores, trataram de problemas sociais envolvendo a condição do negro: estereótipos, racismo, relações sociais racializadas, a religião, a história do negro no Brasil, o tráfico negreiro, a cidadania do negro etc.
Tanto Imprensa, como Literatura e Teatro de negros brasileiros, desde seu surgimento e ao longo do século XX devem ser observados, a meu ver, como produções de caráter marginal. Marginalidade não compreendida no seu sentido contemporâneo -- e que se discutirá adiante --; mas, sim, em sua forma produtiva (no que tange aos recursos), distributiva (enquanto acesso a um público) e de consumo (referente à recepção) dessas manifestações em seus respectivos sistemas culturais de atuação. A marginalidade, por analogia, portanto, é constituinte dessas produções e sistêmica, tal qual a definição de sistema literário, operada por Antonio Candido (1975).
Apesar de se considerar o Clarim D´Alvorada, A Voz da Raça ou o jornal Quilombo, nos anos 20,30 e 40 do século passado como momentos de apogeu da imprensa negra; ou o Teatro Experimental do Negro,nas décadas de 1940 e 50, dirigido por Abdias do Nascimento; e, mais ainda, o contínuo surgimento de poetas e ficcionistas negros, proporcionado pelos Cadernos Negros, no âmbito do sistema literário, desde 1978, essas produções são, geralmente, internas e retroalimentadas pelos pequenos grupos negros intelectualizados que as produzem e consomem, com momentos e figuras singulares de pico de alcance, nacional ou internacional.
Entretanto, para a grande maioria desses escritores negros, falar em marginalidade é situar a questão em torno da posição ocupada no sistema literário. Suas condições de classe de origem -- à exceção de Carolina Maria de Jesus, favelada e catadora de papel -- os situam, ainda que precariamente em alguns casos, numa condição pequeno-burguesa. Este pode ser um aspecto que distancie alguns autores da Literatura Negra de escritores da Literatura Periférica. Todavia, a questão da posição ocupada
no sistema literário os aproxima e os tem unido atualmente. A condição marginal da produção literária negra e de seus escritores foi debatida de maneira intensa por críticos e autores ao longo dos anos 1980. (tEXTO: APROXIMAÇÕES ENTRE AS IDÉIAS DE LITERATURA NEGRA E PERIFÉRICA CONTEMPORÂNEAS / Mário Augusto Medeiros da Silva /http://www.fflch.usp.br/ds/pos-gradua... )
Ras Adauto entrevista o poeta Ele Semog no SESC em 1985. Éle Semog é um dos mais renomados poetas negros do Brasil. Nascido em Nova Iguaçu, seus poemas estão em livros, como O arco-íris negro (1979) e Atabaques ( 1984), em parceria com José Carlos Limeira e A cor da demanda (1997). Colaborou em antologias, como A razão da chama (1986) e escreve em periódicos como o Cadernos Negros.
No prefácio de Atabaques, escrito em 1979, Oliveira Silveira chama a atenção
para a diferença entre a poesia de Éle Semog e "...poetas negros alienados ou letristas de samba-enredo crioulo doido, tecendo loas à princesa e uma abolição enganosa". Isto reforça a tese aqui defendida de que a poesia negra contemporânea é uma releitura radical do Brasil e, portanto, do próprio negro. Éle Semog é um dos poetas desmistificadores da história oficial do Brasil. Em Atabaques, nos poemas agrupados sob o título de Terceiro exercício: Identificar, Semog resgata historicamente a identidade e a dignidade da raça negra em trabalhos como Tentativa de assassinato, Atabaques, "Rosas e abutres" , e Se ela faz eu desfaço.