Éle Semog nasceu no Século XX da Era Comum, na cidade de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Viveu a infância e a adolescência no subúrbio carioca nos bairros de Vila Valqueire e Bangu. Nos anos de 1970 participou do Grupo Garra Suburbana, onde publicou seus primeiros poemas mimeografados. Como militante do movimento social negro participou de diversas organizações de combate ao racismo, lutou contra a ditadura militar e pela promoção da democracia. Na década de 1980, participou da fundação do Jornal Maioria Falante e do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas - CEAP, onde também foi presidente. Atualmente é membro do Conselho Executivo do Instituto Palmares de Direitos Humanos e Secretário Executivo do CEAP. Seus poemas foram musicados pelos compositores Irinéia Maria, Teo de Oliveira, Mauro Marcondes e Laércio Lino. No campo da literatura fundou os grupos “Negrícia Poesia e Arte de Crioulo” e “Bate Boca de Poesia”.

Começou a trabalhar aos 17 anos, após a morte do pai, quando cursava o terceiro ano do curso científico, no Colégio Madureira. Seu primeiro emprego formal foi como apontador, na empresa de construção civil.

No tempo em que trabalhou na construção civil estabeleceu fortes relações de amizade com os operários, principalmente os peões, a maioria analfabetos e de origem nordestina.

Aos sábados o expediente terminava às onze horas e ele passava parte da tarde na obra, lendo e respondendo as cartas que eles recebiam das suas famílias. Com o tempo e com o apoio do engenheiro responsável pela obra, formaram uma turma de alfabetização com uns dez alunos, dos quais seis não desistiram e foram alfabetizados antes do fim daquela obra..

Éle Semog não sabe exatamente quando começou a escrever literatura, mas lembra que quando estava no quinto ano do curso primário, ganhou o primeiro lugar da escola num concurso de redação promovido pelo Jornal O Globo. Para ele a literatura, como manifestação artística, começou quando tinha uns quinze, dezesseis anos.

Com um texto crítico, irônico, de cunho social e político, não perde a perspectiva das emoções e da condição vulnerável das pessoas frente as incertezas e certezas da existência. Éle Semog acredita que a literatura exige militância e nesse sentido, como escritor, participou de muitas atividades durante a resistência à ditadura militar. Fundou os grupos Garra Suburbana de Poesia e Teatro; Bate-Boca de Poesia e Negrícia Poesia e Arte de Crioulo.

Com esses grupos realizou recitais e oficinas de literatura em escolas, universidades, sindicatos, presídios, hospitais, associações de moradores de favelas, teatros, na rua e nos trens da Central.

Éle Semog organizou e realizou, juntamente com outros poetas o I, II e III Encontro Nacional de Poetas e Ficcionistas Negros Brasileiros, realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo. Como conferencista participou de duas Bienais Nestlé de Literatura (cidade de São Paulo), do I Simpósio Internacional Sobre Cultura Angola, na cidade do Porto em Portugal (1982), do Programa de Celebrações e Reflexões dos 500 Anos de Descobrimento das Américas (conferências em 22 cidades da República Federal da Alemanha, em 1992), do Congresso Internacional de Literatura Comparada (cidade de Salvador, em 1998).