para Rachel
As águas
Agora que a vida é um tempo
quase livre
e qualquer tempo vale a vera
como se fosse eterna,
é bom lembrar
das histórias das águas
e dos momentos do tempo,
repentes que passam
e ficam passando.
A primeira agua, de toda a vida,
se fez, se faz, se foi,
a agua do rio, a agua do mar, a agua da chuva,
guardadas em mágicas que alimentam.
A primeira água, a que foi a tua,
não teve que se separar, ser uma só gota
do rio, do oceano, da nuvem.
... nem gota sozinha num mar de lágrimas.
Guardada assim por tantas águas,
moldou-se, foi moldada
pela maior herança dos seres
e se juntou a outros seres
nascidos de agua e placenta.
Menina, vida, extensão de si
em todos os seus.
O tempo
O tempo primeiro é ser...
e ser luz,,, e ser matéria
...e ser espírito.
O mundo todo nos olhos,
ainda tão pequeno mundo,
o sorriso miúdo e simples,
o cheiro despertando instintos,
o choro pedindo dádivas
nascidas do gosto do colostro.
O medo inicial, só medo
sem ser temor.
O amor inicial, só amor
sem ser medo.
O tombo, o grito, o não
no meio do destino,
pois tudo ainda é a metade
A vontade, agora sozinha,
aprende a fazer caminhos,
que desaguam em desejos.
O tempo e as águas
O tempo agora tem razão
e com seu tear de momentos
desenha os segundos, os minutos,
as horas, os dias... os quinze anos.
E as aguas... assim perenes,
se renovam e anunciam
a planta, a flor, o fruto,
a colheita e a semente.
O tempo, assim, indiferente,
se faz volátil e exato,
como as águas nas margens do rio
como as ondas nas encostas,
como o jardim e a chuva.