semog1

Eu nessa minha parcimônia,

vestida com escancarada elegância,

jamais hei de ocultar tão evidentes,

a tribo, o atabaque, o axé,

o orixá, o ori, o ancestral.

 

Eu e a minha carapinha cheia de bochicho,

minha erva de guiné, minha aroeira,

meu samba no pé e outras literaturas.

 

Eu nessa parcimônia vestida com toda a vida

e seus acontecimentos,

nem só por um momento quero me perder dessa cor.

O não eu, o outro. Tão fino, tão delicado,

chega a me deixar tonto, encabulado,

com seu vampirismo, seus diabos, suas taras...

 

Tão racional e exótico nas cerimônias,

esse outro, estranho outro,

faz buracos no céu da Terra,

sente prazer, se lambuza com as guerras,

pensa que respirar é um estorvo,

prende os gestos ao corpo, e berra, e berra, e berra.

Tudo por falta de melanina.