semog1

Esse moleque forjado em pé no bucólico Passeio Público,

aos pés de uma escultura de mestre Valentim,

veio dum gozo apressado, curra de amor por dois iguais,

entre beijos de jujuba e amendoim.

Nem ao menos estava igualado,

entre o aborto e o descaso

no bucho da mãe foi espancado,

com chá de arruda afogado;

tomou banho de buchinha,

foi até estiletado, mas nasceu.

 

Nasceu bolado, aloprado e ainda assim sorriu

com a cor da pele inteira.

 

Nasceu subnutrido, subservido,

subtraído, subdetudo.

E embora fosse, não se soube subversivo.

 

Salvou-se com o colostro e todo aquele subamor

com gosto de tiner, maconha e bala de coco.

Cresceu por ali mesmo, ouvindo tiro de polícia,

esculacho de malandro, rapa fora de comerciantes

e mocas de seguranças.

 

Assim, num repente, se fez pivete marrento, cabuloso,

e sem saber,

já pilotava uma magrela e também a nau da dor...

Ferido, ferido, perdeu! Perdeu!

a mãe com três facadas, duas delas nos pulmões.

Quis encarar bicho solto, mas levou uns bofetões.

 

Agora está moço feito, tem doze conflitos com a lei.

Foi esse o jeito que teve pra poder dar o seu jeito

em tudo que a vida fez.

E olhando assim ninguém diz,

o moleque já quebrou mais de seis.